Outono


O Outono está a chegar e com ele o cheiro das primeiras chuvas e os olhares inquietos das gentes que se apagam lentamente com a chegada do frio!


É das estações do ano que mais aprecio pelas cores das folhas no chão, pelos dias de sol com mar revolto e o frio que nos vai começando a entrar na espinha.


Sinto as caras mais serenas, mas rosadas do frio. Vejo os corpos mais vestidos: golas altas e blusões de caqui. Padrões axadrezados nas saias rodadas das meninas colegiais que voltam para a escola na ânsia de conhecer novos amores para a próxima estação. É a preparação!
Outono é altura de introspecção, de pensar nos amores perdidos da altura do verão. É saber que o pior ainda está para vir.

É o meio-termo, o assentar da poeira, o recomeçar. Outono é o outro lado…

Conversas de sofá…


Debatia com alguns machos e fêmeas a maneira como se ama hoje em dia! Mesmo tentando debater exaustivamente e defendendo as nossas convicções, vimo-nos rendidos a não tirar qualquer conclusão. Porque ou se gosta demais, ou não se mostra, ou porque simplesmente o sexo chega e logo o amor não entra aqui!

Os machos dizem que as fêmeas, quando têm o macho como garantido, armam-se em Abelha Rainha, e as fêmeas dizem que os machos não se mostram garantidos NUNCA! Como vêem é difícil chegar a alguma conclusão porque pelos vistos andamos todos de costas voltadas. A minha teoria é que as pessoas hoje em dia não querem gostar, porque para mim quando se fala em amar não se fala em jogos de poder, ou pelo menos não deveria falar-se. Sentimentos são o que realmente me interessa, e actos que sejam coerentes com os mesmos, obviamente! Mas isso sou eu, que pelos vistos sou uma idealista e estupidamente romântica. Sou uma fêmea séria, como dizem algumas pessoas, comparativamente a outras babes/ miúdas / gajas (como os machos se referem às menos sérias e dependendo também se as "comem" ou não. Palavras deles! Juro!!). Queixam-se que não as há mas quando se deparam com alguma, surge o medo do desconhecido! Começam os jogos de poder… outra vez!


Se gostamos e somos compatíveis porque não queremos demonstrar? Parece que foi a única interrogação da qual não discordámos! Mas ninguém quis responder. Uns por não saber o que é isso de amar, outros com medo de serem descobertos se dissessem de sua justiça. Na realidade todos achamos que não deveriam haver receios em mostrar o quanto gostamos uns dos outros, mas por vezes não há quem nos queira ouvir!


É uma pena que o amor seja equacionado a um jogo, no qual, até para terminar relações, se tenta a lei do mais forte! Concordamos que quando se termina uma relação preferimos que seja o outro a fazê-lo, isto claro, quando também sentimos a ruptura. O peso não nos fica na consciência, e mais rapidamente podemos partir para outra sem que nos apontem o dedo!
Toca-se no tema Sexo. As fêmeas são as primeiras a dizer que não se contentam com pouco e os machos queixam-se que hoje em dia é só isso que elas querem! Mais uma vez não há consenso e estranhamente os papéis invertem-se! Sempre ouvi dizer que a fêmea é a fã nº 1 da aspirina e o que o macho só pensa com outra cabeça...


Claro que as conversas de amigos não traduzem a generalidade mas conseguimos sempre ter uma percepção de como as coisas mudam a das voltas que a vida dá! Pessoalmente e como fêmea que sou, acho que mereço o conto de fadas, o cavaleiro de espada em riste! Só espero não me tornar Abelha Rainha com um Richard Gere, saído do Preatty Woman, no sentido em que só se apercebe do que tem quando quase a perde! Em tudo o resto, os "Richard´s" deste mundo são sempre bem-vindos! Que façam muitas fêmeas felizes!

Abre olhos

..Damos por nós a perder oportunidades na vida, a não querer seguir em frente com as coisas boas. Por experiência vos digo que de nada ajuda o tempo que se passa a pensar no que podíamos ter feito ou no que vamos fazer amanhã. Fechamos os olhos para as evidências! Perde-se tempo e energia a pensar demais e negativamente. Por vezes são precisas palavras e gestos agressivos para que nos levantemos. Palavras de outros que sempre estiveram em nós mas que nos esquecemos…
Deixa-te ir, ocupa-te, centra-te no importante e no bom! Dá-te valor e não esperes por um "abre olhos", abre-os tu!
Sorri…


"O mundo pertence aos optimistas; os pessimistas são meros espectadores."
Eisenhower
Aos contadores de histórias que nos prendem nas mesmas, que nos fazem querer baloiçar sem pés nem mãos:
Que os enredos não façam partir cabeças com a força do empurrão…

Hora

"Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar."


Sophia de Mello Breyner Andresen
…vem não se sabe bem de onde, traz bolinhas de sabão. Sabe como olhar e para quem… Traz os receios e as dúvidas no ar. Traz consigo um balão gigante saído de banda desenhada mas por preencher. Não tem rosto! Traz uma confusão serena. Diz-te com os olhos que não tem, que deves sentir… Faz-te logo questionar porquê mas não te dá respostas.
Senta-se ao teu lado sem corpo. Sussurra-te ao ouvido que estás perplexo, que não devias resistir. Faz-te zangar. Julgas-te louco! Mostra-te borboletas, que te parecem saídas do teu estômago… Sentes-te na montanha russa da vida. Desesperas porque continuas sem perceber porquê nem o que quer de ti. Queres dar-lhe um nome mas não sabes sequer que género lhe atribuir. De repente gritas-lhe e rapidamente te apercebes que o fazes é contigo mesmo, que ninguém te ouve, que de facto gritaste em silêncio.
Sem Género, chamemos-lhe assim, ri-se no teu ouvido direito. Diz “baixa a guarda!” Do quê? Pensas tu!
Completamente envolto na idiotice que é ter uma conversa ou pensamentos desalinhados da realidade, sais para a rua na esperança de partilhar o que acaba de te acontecer mas Sem Género persegue-te. Conta-te os passos diz-te até onde deves ir. Não conheces tal sítio, não consegues pronunciar o nome novamente de tão complexo que é. Tentas ignorar. Sentes-te frustrado por não conseguir escapar mas na realidade não queres fazê-lo e não sabes explicar porquê. O que sabes é que nem a tua consciência alguma vez te despertou tal interesse e vontade que não sabes de onde vêm nem como apareceram. Páras. Olhas em volta na esperança de te identificares com algo mas em vez disso vês antes um cartaz que aponta na tua direcção. Desta vez Sem Género dá gargalhadas e rebola no chão. Goza-te e pergunta-te se ainda não estás cansado e quanto mais tempo tencionas ficar sem te olhar. Sentes um arrepio na espinha porque te toca. Ficas imóvel por uns instantes. Não consegues ter raiva nem mágoa, nem tão pouco desalento. Sem Género começa a fazer-se sentir mas tu ainda não vês tudo. Enquanto estavas imóvel nem deste conta como os teus olhos cerraram e absorveram o mundo, não deste conta que sorriste… Voltas, sabe-se lá de onde, e tentas redefinir-te mas não dás parte fraca. Pensas que Sem género não percebe que o fazes. Pergunta-te porque não te questionas, porque não lhe questionas o nome. Pergunta-te do que foges se até aqui não te fez mal, antes pelo contrário… Falas sozinho: Sei que resisto, que me desafias, me incomodas, que me desconcertas mas não creio estar preparado para saber mais que isto.
Sem Género faz-te fechar os olhos e diz-te que mesmo que não vejas podes sempre sentir. Baralha-te com o discurso, com o comportamento, baralha-te a ti próprio. Confunde-te porque te mostra mais uma carta saída de um baralho colorido sem caras. Contorces-te para saber o que tudo isto significa…
Sorri e diz-te, “volto de madrugada quando a insónia chegar, mostro-te mais um pouco… disto…”

A quem chega sem avisar…


Num sítio escuro chega alguém sem avisar e vai logo entrando. O à vontade, o querer de outros, o abrir da minha porta … Confusão! Julgava não querer saber!
Num instante sente-se e pressente-se … Vejo -me se te sinto e sinto-me menina porque me embrulho e amarro sem ter nexo no laço!

Lufada...

Começo uma jornada que há muito anseio mas que só agora faz sentido. Penso tantas vezes nos anos que passaram e no que podia ter feito, e de repente aprontei-me a pensar no que ainda não tinha feito e gostaria. Cheguei à conclusão de que ainda não fiz foi nada. Insaciável por natureza não poderia ter outro pensamento senão achar que ainda não vivi, claro! Sempre com sede de mudança dei por mim estagnada durante muito tempo, pode dizer-se que andei meia parva. Mas decidi começar por algum lado, vou tornar-me activa, por o cérebro a “mexer”, fazer por mim e o que mais gosto. Hoje escrevo para todos os que têm coragem de se surpreender e superar…

"Se é carneiro é bo(b)a gente"

E viva à Quinta da aveleda, mais o Planalto e a bela da jola! Fazem um serão com risadas em boa companhia e frases como o raio do título! No dia seguinte dão uma bela dor de cabeça!


Melancolia, hoje perguntaram por ti…


Disse que andas adormecida, escondida, que já não me inspiras!


Tenho dúvidas se quero que acordes.


Transformei-me. Transformei-te em recordação e hoje lembraram-me de ti…

?


Dor por não te ter, por não saber…
Porque fui? Não sei… Nunca soube…. Fugi!
Pediste demais? Porque não pedes mais?
Onde estás? Como estás? Os anos, trataram-te bem? Não sei o que dizer-te, nunca saberei. Não me entendo. Seguiste caminho? Tenho medo que sim! Medo que para mim não haja mais esperança, medo de esquecer…
A ti devo o facto de ainda acreditar mas não sei em quê. Não te sinto, não te vejo, não me sei explicar!
Eu como estou? Deixei de lutar, de importunar… Cá estou sem ti, e pelos vistos não estou em mim!

Hoje escrevo porque sim!


Desconcertada, não quero aceitar que o amor está cada vez mais longe da minha praia mas confesso que cada dia que passa é difícil continuar a acreditar que o meu areal há-de ter tudo o que tenho direito! As pessoas não se sentem, não se querem ver nem ouvir! Preferem abalroar-se e viver a máxima do "salve-se quem puder". Individualismo até não mais poder! Não se olha para o lado para se ter outro ponto de vista! Valha-nos Deus se conseguirmos ver para além das palas que uns e outros adoram ostentar, como se fosse motivo de orgulho viver na ignorância! Entristece-me ver que cada vez se gosta menos… de nós mesmos. Contra mim falo pois vou perdendo a esperança no ser humano. Não queria ser daquelas que se junta à maré só porque não consegue remar contra ela, sozinha ou com poucos braços, mas a verdade é que me vejo a remar com menos força. Inconformada, triste por remar todos os dias ao incerto, por não ter chegado ainda a lado nenhum, por perceber que muitos dos remaram comigo vão agora em sentido contrário... tristes!
Escrevo para passar o tempo, escrevo para aliviar a alma das inúmeras insatisfações, das desventuras e travessuras, da dor que é tomar consciência de que o tempo não volta para trás, mas contento-me porque ainda me sou fiel! Valha-nos isso!